terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Escalando no Frey

A escalada alpina depende de três fatores fundamentais: técnica de escalada, condicionamento físico e preparação psicológica. Este último aspecto, geralmente desprezado, é de grande importância. Devido às exigências da escalada alpina e aos elevados riscos envolvidos, a preparação psicológica pode ser decisiva no sucesso da escalada. Um alpinista bem preparado psicologicamente consegue se concentrar melhor nos trechos mais expostos da escalada, progredindo mais rapidamente. Esse foi um dos aspectos que nos levou a escolher o vale do Frey no norte da Patagônia (Argentina) para passar as nossas férias, além das paisagens fantásticas, é claro. Saimos, eu e a Carla, de Campinas no dia 27/12 num vôo da Aerolineas Argentinas rumo a Buenos Aires. Passamos dois dias lá, com um calor insuportável.

Centro de Buenos Aires


Bairro La Boca em Buenos Aires

No dia 29/12 pegamos um ônibus para Bariliche. A viagem foi bem agradável, apesar de durar mais de 22 horas. Ficamos apenas um dia em Bariloche, pois queriamos passar o Ano Novo já no vale do Frey.

Centro de Bariloche

Então, no dia 31/12 pegamos um ônibus urbano até a Villa Cohiues, onde conseguimos um cavalo para levar parte da nossa carga. Depois de andar 2 km por uma estrada de terra, chegamos na entrada do parque. Fizemos nosso registro e começamos uma linda trilha de cerca de 10 km até o Refugio Emílio Frey, que fica na beira de um lago, a 1700 m.


Trilha para o vale do Frey


Refugio Frey

Montamos a nossa barraca subindo a encosta, para escapar da 'agitação' do refúgio. Comemoramos a passagem do ano tomando um champagne e admirando a silhueta das agulhas contra um céu todo estrelado.


Barraca montada acima do refugio


Silhueta das agulhas no crepúsculo

Nos primeiros dias aproveitamos para fazer algumas caminhadas para conhecer a região. Apesar da impressão de que as agulhas estão distantes, as caminhadas levam de 1 a 2 horas, no máximo. A caminhada até a base da agulha principal (2410 m), por exemplo, levou cerca de 1h30.


Laguna Schmoll


Agulha principal

Depois dessa fase de 'aclimatação', fomos escalar algumas vias curtas em um setor ao lado esquerdo da agulha Frey. São vias de 5 e 6 grau, alternando proteções fixas e móveis, que não constam do guia de escaladas da região do Frey.




Num outro dia, tive a oportunidade de escalar com dois canadenses na agulha M2. Fizemos a via Socotroco (6b). Acabamos conhecendo dois brasileiros, o Camilo e o Plinio, com quem fui escalar algumas vezes. Começamos com as vias clássicas da agulha Frey: Diedro de Jin (5+) e Sifuentes Weber (5+). Esta última tem 4 enfiadas (90 m), quase toda em fendas e com proteções móveis. Imperdível!! Ainda tive a oportunidade de escalar junto com o Camilo as vias Sudor frio (6a+) e Yan Pipol for piz (6b) na agulha Yan Pipol e a via Del diedro (5+) na agulha M2.

Agulha Frey no centro e Agulha Yan Pipol a direita

Tivemos bastante sorte, pois passamos 12 dias acampados no Frey e só choveu um dia (e algumas noites). A temperatura estava bem agradável, oscilando entre uma mínima de 5 oC de madrugada e 25 oC no final da tarde. Conseguimos até tomar banho no lago!

Na volta passamos 3 dias em Bariloche para conhecer melhor a cidade e voltamos novamente para Buenos Aires de ônibus. No dia 17/01 voltamos para Campinas.

Editamos alguns videos feitos durante essa viagem, que mostram um pouco deste lugar maravilhoso.

Felipe Moura

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